quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Escola Estadual de Ensino Fundamental Santa Luzia


Escola Santa Luzia
 
A Escola Santa Luzia é um bem cultural. Ela é importante para o aprendizado dos alunos, para a educação das pessoas.Tainara/61 

Esse colégio é importante para a comunidade e para os alunos que nele estudam. É importante para o nosso futuro. Porque se não estudarmos, não teremos bons futuros. Edson/62



   

O  Grupo  Escolar À Vila Santa  Luzia criado  em 05/10/1968, situava-se inicialmente na rua G 750, na Vila Santa Luzia. Devido a precariedade das instalações mudou-se em 04/03/1970 para a rua Delfino Riet, 525,  Bairro Santo Antônio, funcionando da 1° a 5° séries. Em 1975 é autorizado funcionamento da 6° série e em 1977 da 7° e 8° séries, passando a se chamar a partir de 1980  Escola Estadual de 1° grau Santa Luzia. Atualmente denominada Escola Estadual de Ensino Fundamental Santa Luzia conta com seis salas de aula, uma sala adaptada para biblioteca e Supervisão, uma sala para a direção, uma sala para secretaria, sala multimídia, brinquedoteca, pracinha, quadra poliesportiva, sala digital, refeitório e três banheiros.
Estão matriculados 270 alunos no Ensino Fundamental, a maior parte deles oriundos da Vila Maria da Conceição, também conhecida como Maria Degolada. Filhos de uma comunidade que como tantas outras é historicamente privada de direitos sociais básicos à dignidade humana: educação, saúde, habitação, trabalho, cultura... estas crianças e adolescentes vivenciam cotidianamente situações de violência, tem suas famílias desagregadas, envolvimento com o consumo e tráfico de drogas, maternidade precoce... fatores determinantes para a carência afetiva e de conhecimento que leva a repetência e evasão escolar. Apesar de todo este quadro, a comunidade da Vila Maria da Conceição tem uma bonita e longa história de mobilização social e luta por direitos fundamentais, além da valorização da cultura local através de entidades bastante atuantes como a Pequena Casa da Criança e a Academia Samba Puro. Neste sentido a Escola Estadual de Ensino Fundamental Santa Luzia tem buscado ampliar os laços entre a escola e as famílias, representadas através do Círculo de Pais e Mestres e Conselho Escolar. A integração da Escola com a comunidade favorece a aprendizagem dos alunos e torna o processo educativo contextualizado e significativo, potencializa a reflexão e aponta para a transformação.


 Histórico de direções da escola:

    Yeda Simões Pires (1970)

    Maria Helena Rocha (1975)

    Rosário Evangelista (1981)

    Clecy Maria Lopes Bicca (1981)

    Célia Fernandes Costa Zanini (1988)

    Claudete Yeda Luchini (2000)

    Cíntia Valéria Saraiva Portela (2002)



5 de outubro de 2012 - Escola Santa Luzia comemorou 44 anos de atividade


       

             Santa Luzia: A vila que deu nome à escola 



                                          Vila Santa Luzia em 1956

A Vila Santa Luzia existiu desde 1943 ocupando uma área pertencente à Chácara Bastian, depois chamada de Chácara dos marítimos (vinculado ao INSS). A vila  em 1948 ocupava uma área de 1. 550 m²  tendo dois arroios sem nome e de pequeno porte que cercavam suas laterais. Nas suas cercanias localizava-se o campo do Esporte Clube Cruzeiro, o chamado Estádio da montanha, onde hoje situa-se o Cemitério João XXIII.
Em 1948 há registros de um pedido de carros d’água à prefeitura e instalação de uma torneira para o suprimento da vila teve apoio da câmara, sendo cumprido pelo prefeito Ildo Meneghetti no final do mesmo ano. Algumas palavras registradas nesse pedido descrevem a situação: “muitos são os sacrifícios que enfrentamos nesta espécie de habitação, pela necessidade de morar, mas o pior é não termos água. É impressionante de se ver, diariamente e todas as horas, pessoas de todas as idades e até mesmo senhoras em estado interessante subirem aquelas ladeiras da Praça do Campo do Cruzeiro, com latas de querosene, para terem um pouco de água”. Pelo relato pode-se induzir que a região em que buscavam água era a chamada Vila Caiu do Céu. A Igreja Santo Antônio do Partenon  participava ativamente da vida social da vila Santa Luzia. Por exemplo, entre os meses de abril e maio de 1948 a paróquia realizou “santas missões” na Vila dos maloqueiros (como chamavam os populares) com o intuito de legitimar casamentos e arrebanhar fiéis. Em novembro de 1949, a igreja estimava que existissem mais de 500  malocas na Vila. Segundo eles, 70% dos moradores eram católicos. Com o objetivo de criar uma capela, que também servisse de escola, o vigário, investido de tal missão, foi ao prefeito municipal, ao que foi aconselhado a não tomar tal iniciativa, posto que era intenção da prefeitura remover as malocas para a vila São José, no arrebalde João Pessoa. Contudo, os moradores que já haviam se organizado em uma associação – a Sociedade de Reivindicações dos Marginais da Vila Santa Luzia -, tendo como objetivo, entre outros, a construção de uma escola, apesar da negativa do prefeito, juntamente com o vigário levaram adiante seu projeto. Construíram um prédio de madeira de 6 por 12m, em frente ao posto policial e a pena d’água. Tempos depois, a Secretaria da Educação destacaria duas professoras para o local, onde o padre dava aulas de catequese. Nesse período, a mesma prefeitura que afirmara anteriormente a intenção de remover as malocas, voltava atrás e afirmava a pretensão de promover o loteamento da área e ceder os terrenos para os próprios moradores. Em 1949, a prefeitura declarou de utilidade pública e desapropriou a área em que estava localizada a Vila Santa Luzia, mas o futuro mostraria que aquelas terras seriam utilizadas para outros fins que não a permanência dos moradores no local. Em 1954, a Sociedade de Reivindicações dos Marginais da vila Santa Luzia mantinha a escola com 70 alunos no curso primário em dois turnos. Contavam também com um pequeno laboratório e atendimento médico e ainda possuíam uma pequena farmácia com amostras grátis que não dava vencimento as solicitações. A vila já tinha quase 7 mil habitantes. Em 25 de julho de 1957, o decreto 1208 assinado pelo prefeito Leonel Brizola, criava na Santa Luzia uma escola primária, denominada Senador Alberto Pasqualini. Em julho de 1958 há registros de que a Câmara reclamava um melhor cuidado da prefeitura com a vila, pois entendia-se que ela estava cada vez mais abandonada pelo município. Pedia mais torneiras, que arrumassem as vielas e capinassem as valetas. Célio, Vereador na época e delegado do bairro Azenha, assim descreve a vila: “As malocas da Santa Luzia eram habitações precárias e insalubres. Construídas com caixões e latas de zinco. Não davam proteção contra o frio, o sol e a chuva. A luz era de vela e lampião. As privadas eram ao ar livre. Separando as habitações e servindo de ruas existiam vielas imundas, tortuosas e asfixiantes. A água era retirada de poucas torneiras, poços e cisternas. Nada fizera a prefeitura para proporcionar-lhe melhores condições de vida.” Em dezembro de 1964, foi realizado levantamento socioeconômico nas vilas e agrupamentos marginais de Porto Alegre pelo Departamento da Casa Popular (atual DEMHAB). Neste levantamento, constara que na Santa Luzia já viviam 1320 famílias ou 6376 pessoas. As famílias sendo assim distribuídas: 914 do interior do estado; 154 de outros estados; 16 famílias que morava na vila desde a sua origem em 1943. Há registros de que em 1966 a Igreja Santo Antônio faria funcionar à noite, na Vila Santa Luzia, uma escola para alfabetização e um curso supletivo. (SERÁ A ORIGEM DA NOSSA ESCOLA?)

O PROCESSO DE REMOÇÃO
Conforme a zero hora de 24 de abril de 1971, cerca de 10.000 habitantes da Vila dos Marítimos e Santa Luzia, teriam sido avisados pelo DEMHAB que seriam removidos na semana seguinte. Tais famílias deveriam ser levadas para a Restinga Velha. O processo de remoção foi tenso, cerca de 300 moradores liderados por Sebastião Pereira da Silva tentaram dialogar com o DEMHAB para estender o prazo das remoções e a resposta foi “já esperamos demais” O que ocorreu foi que a Cooperativa de Habitação dos Funcionários da Prefeitura Municipal de Porto Alegre adquiriu o terreno que antes pertencia ao INSS para construir um núcleo residencial para seus associados. Foi a Cooperativa que pediu e pagou pela remoção, realizada pelo DEMHAB. As remoções aconteceram a força, doentes, famílias sem lugar para onde ir, crianças estudando, inclusive em dias de chuva o DEMHAB removia de cinco a seis casebres por dia, levando–os normalmente para a Restinga Velha onde as malocas eram depositadas.

Informações extraídas da dissertação de mestrado de Vanessa Zamboni, intitulada Construção social do espaço, identidades e territórios em processos de remoção: O caso do Bairro Restinga – Porto Alegre/RS

A autora relata que ao procurar informações sobre a Vila Santa Luzia no Acervo Histórico Moisés Velhinho o funcionário, a princípio nada encontrou. A autora comentou que a vila ficava situada próxima ao próprio Acervo Histórico e ele respondeu “ Não temos documentos catalogados sobre este local”. Então sugeriu que fosse feita uma busca no sistema por Bairro Santo Antônio, já que lhe pareceu que a Vila Santa Luzia havia sido apagada da memória oficial de Porto Alegre. Foi encontrado um arquivo denominado  Santo Antônio - Cyro Martini. Este fora vereador da cidade e morador do bairro, conta, que da sua janela avistava a vila Santa Luzia. É do vasto material manuscrito deixado por este cronista que a autora retirou as informações aqui expostas.

Terminamos com algumas reflexões de Cyro Martini sobre o processo de remoção dos moradores da Vila Santa Luzia para a Restinga Velha.
A partir da frase em voga na época “ Removê-los para promovê-los, Martini questiona: “ Se as terras da Santa Luzia e de outras vilas tinham sido compradas para manter os moradores no local, porque removê-los era promovê-los? E acrescenta: “Depois de terem conquistado o que era necessário para viverem dignamente em suas vilas, como água, luz, escola... porque removê-los para outro local em situações ainda piores era promovê-los? E ademais, longe do centro! Se o DEMHAB retirasse os barracos para colocá-los em casas novas e de alvenaria na Restinga, talvez pudesse qualificar a remoção de promoção. Tal não era no entanto, o que acontecia.





4 comentários:

  1. Alguém lembra da professora Rejane do ano de 1980 nessa escola? ela dava aula pra terceira série....

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  2. Fez parte de minha infância... lembro das paineiras, uma alameda de paineiras que ia até a Bento Gonçalves, onde passavam os bondes. Havia casarões centenários que faziam parte da História de Porto Alegre, não encontro nenhum registro destes casarões... Se alguém tiver fotos, por favor publique, isto não pode ser apagado, pois faz parte da memória de muita gente.

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    1. Bah também procurei registro destes casaroes e das paineiras. Estudei no Amigo Germano depois nos trouxeram para Restinga velha sem respeito nenhum, jogavam nossos pertences nos caminhões. ..

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  3. Fez parte de minha infância... lembro das paineiras, uma alameda de paineiras que ia até a Bento Gonçalves, onde passavam os bondes. Havia casarões centenários que faziam parte da História de Porto Alegre, não encontro nenhum registro destes casarões... Se alguém tiver fotos, por favor publique, isto não pode ser apagado, pois faz parte da memória de muita gente.

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