quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Escola Estadual de Ensino Fundamental Santa Luzia


Escola Santa Luzia
 
A Escola Santa Luzia é um bem cultural. Ela é importante para o aprendizado dos alunos, para a educação das pessoas.Tainara/61 

Esse colégio é importante para a comunidade e para os alunos que nele estudam. É importante para o nosso futuro. Porque se não estudarmos, não teremos bons futuros. Edson/62



   

O  Grupo  Escolar À Vila Santa  Luzia criado  em 05/10/1968, situava-se inicialmente na rua G 750, na Vila Santa Luzia. Devido a precariedade das instalações mudou-se em 04/03/1970 para a rua Delfino Riet, 525,  Bairro Santo Antônio, funcionando da 1° a 5° séries. Em 1975 é autorizado funcionamento da 6° série e em 1977 da 7° e 8° séries, passando a se chamar a partir de 1980  Escola Estadual de 1° grau Santa Luzia. Atualmente denominada Escola Estadual de Ensino Fundamental Santa Luzia conta com seis salas de aula, uma sala adaptada para biblioteca e Supervisão, uma sala para a direção, uma sala para secretaria, sala multimídia, brinquedoteca, pracinha, quadra poliesportiva, sala digital, refeitório e três banheiros.
Estão matriculados 270 alunos no Ensino Fundamental, a maior parte deles oriundos da Vila Maria da Conceição, também conhecida como Maria Degolada. Filhos de uma comunidade que como tantas outras é historicamente privada de direitos sociais básicos à dignidade humana: educação, saúde, habitação, trabalho, cultura... estas crianças e adolescentes vivenciam cotidianamente situações de violência, tem suas famílias desagregadas, envolvimento com o consumo e tráfico de drogas, maternidade precoce... fatores determinantes para a carência afetiva e de conhecimento que leva a repetência e evasão escolar. Apesar de todo este quadro, a comunidade da Vila Maria da Conceição tem uma bonita e longa história de mobilização social e luta por direitos fundamentais, além da valorização da cultura local através de entidades bastante atuantes como a Pequena Casa da Criança e a Academia Samba Puro. Neste sentido a Escola Estadual de Ensino Fundamental Santa Luzia tem buscado ampliar os laços entre a escola e as famílias, representadas através do Círculo de Pais e Mestres e Conselho Escolar. A integração da Escola com a comunidade favorece a aprendizagem dos alunos e torna o processo educativo contextualizado e significativo, potencializa a reflexão e aponta para a transformação.


 Histórico de direções da escola:

    Yeda Simões Pires (1970)

    Maria Helena Rocha (1975)

    Rosário Evangelista (1981)

    Clecy Maria Lopes Bicca (1981)

    Célia Fernandes Costa Zanini (1988)

    Claudete Yeda Luchini (2000)

    Cíntia Valéria Saraiva Portela (2002)



5 de outubro de 2012 - Escola Santa Luzia comemorou 44 anos de atividade


       

             Santa Luzia: A vila que deu nome à escola 



                                          Vila Santa Luzia em 1956

A Vila Santa Luzia existiu desde 1943 ocupando uma área pertencente à Chácara Bastian, depois chamada de Chácara dos marítimos (vinculado ao INSS). A vila  em 1948 ocupava uma área de 1. 550 m²  tendo dois arroios sem nome e de pequeno porte que cercavam suas laterais. Nas suas cercanias localizava-se o campo do Esporte Clube Cruzeiro, o chamado Estádio da montanha, onde hoje situa-se o Cemitério João XXIII.
Em 1948 há registros de um pedido de carros d’água à prefeitura e instalação de uma torneira para o suprimento da vila teve apoio da câmara, sendo cumprido pelo prefeito Ildo Meneghetti no final do mesmo ano. Algumas palavras registradas nesse pedido descrevem a situação: “muitos são os sacrifícios que enfrentamos nesta espécie de habitação, pela necessidade de morar, mas o pior é não termos água. É impressionante de se ver, diariamente e todas as horas, pessoas de todas as idades e até mesmo senhoras em estado interessante subirem aquelas ladeiras da Praça do Campo do Cruzeiro, com latas de querosene, para terem um pouco de água”. Pelo relato pode-se induzir que a região em que buscavam água era a chamada Vila Caiu do Céu. A Igreja Santo Antônio do Partenon  participava ativamente da vida social da vila Santa Luzia. Por exemplo, entre os meses de abril e maio de 1948 a paróquia realizou “santas missões” na Vila dos maloqueiros (como chamavam os populares) com o intuito de legitimar casamentos e arrebanhar fiéis. Em novembro de 1949, a igreja estimava que existissem mais de 500  malocas na Vila. Segundo eles, 70% dos moradores eram católicos. Com o objetivo de criar uma capela, que também servisse de escola, o vigário, investido de tal missão, foi ao prefeito municipal, ao que foi aconselhado a não tomar tal iniciativa, posto que era intenção da prefeitura remover as malocas para a vila São José, no arrebalde João Pessoa. Contudo, os moradores que já haviam se organizado em uma associação – a Sociedade de Reivindicações dos Marginais da Vila Santa Luzia -, tendo como objetivo, entre outros, a construção de uma escola, apesar da negativa do prefeito, juntamente com o vigário levaram adiante seu projeto. Construíram um prédio de madeira de 6 por 12m, em frente ao posto policial e a pena d’água. Tempos depois, a Secretaria da Educação destacaria duas professoras para o local, onde o padre dava aulas de catequese. Nesse período, a mesma prefeitura que afirmara anteriormente a intenção de remover as malocas, voltava atrás e afirmava a pretensão de promover o loteamento da área e ceder os terrenos para os próprios moradores. Em 1949, a prefeitura declarou de utilidade pública e desapropriou a área em que estava localizada a Vila Santa Luzia, mas o futuro mostraria que aquelas terras seriam utilizadas para outros fins que não a permanência dos moradores no local. Em 1954, a Sociedade de Reivindicações dos Marginais da vila Santa Luzia mantinha a escola com 70 alunos no curso primário em dois turnos. Contavam também com um pequeno laboratório e atendimento médico e ainda possuíam uma pequena farmácia com amostras grátis que não dava vencimento as solicitações. A vila já tinha quase 7 mil habitantes. Em 25 de julho de 1957, o decreto 1208 assinado pelo prefeito Leonel Brizola, criava na Santa Luzia uma escola primária, denominada Senador Alberto Pasqualini. Em julho de 1958 há registros de que a Câmara reclamava um melhor cuidado da prefeitura com a vila, pois entendia-se que ela estava cada vez mais abandonada pelo município. Pedia mais torneiras, que arrumassem as vielas e capinassem as valetas. Célio, Vereador na época e delegado do bairro Azenha, assim descreve a vila: “As malocas da Santa Luzia eram habitações precárias e insalubres. Construídas com caixões e latas de zinco. Não davam proteção contra o frio, o sol e a chuva. A luz era de vela e lampião. As privadas eram ao ar livre. Separando as habitações e servindo de ruas existiam vielas imundas, tortuosas e asfixiantes. A água era retirada de poucas torneiras, poços e cisternas. Nada fizera a prefeitura para proporcionar-lhe melhores condições de vida.” Em dezembro de 1964, foi realizado levantamento socioeconômico nas vilas e agrupamentos marginais de Porto Alegre pelo Departamento da Casa Popular (atual DEMHAB). Neste levantamento, constara que na Santa Luzia já viviam 1320 famílias ou 6376 pessoas. As famílias sendo assim distribuídas: 914 do interior do estado; 154 de outros estados; 16 famílias que morava na vila desde a sua origem em 1943. Há registros de que em 1966 a Igreja Santo Antônio faria funcionar à noite, na Vila Santa Luzia, uma escola para alfabetização e um curso supletivo. (SERÁ A ORIGEM DA NOSSA ESCOLA?)

O PROCESSO DE REMOÇÃO
Conforme a zero hora de 24 de abril de 1971, cerca de 10.000 habitantes da Vila dos Marítimos e Santa Luzia, teriam sido avisados pelo DEMHAB que seriam removidos na semana seguinte. Tais famílias deveriam ser levadas para a Restinga Velha. O processo de remoção foi tenso, cerca de 300 moradores liderados por Sebastião Pereira da Silva tentaram dialogar com o DEMHAB para estender o prazo das remoções e a resposta foi “já esperamos demais” O que ocorreu foi que a Cooperativa de Habitação dos Funcionários da Prefeitura Municipal de Porto Alegre adquiriu o terreno que antes pertencia ao INSS para construir um núcleo residencial para seus associados. Foi a Cooperativa que pediu e pagou pela remoção, realizada pelo DEMHAB. As remoções aconteceram a força, doentes, famílias sem lugar para onde ir, crianças estudando, inclusive em dias de chuva o DEMHAB removia de cinco a seis casebres por dia, levando–os normalmente para a Restinga Velha onde as malocas eram depositadas.

Informações extraídas da dissertação de mestrado de Vanessa Zamboni, intitulada Construção social do espaço, identidades e territórios em processos de remoção: O caso do Bairro Restinga – Porto Alegre/RS

A autora relata que ao procurar informações sobre a Vila Santa Luzia no Acervo Histórico Moisés Velhinho o funcionário, a princípio nada encontrou. A autora comentou que a vila ficava situada próxima ao próprio Acervo Histórico e ele respondeu “ Não temos documentos catalogados sobre este local”. Então sugeriu que fosse feita uma busca no sistema por Bairro Santo Antônio, já que lhe pareceu que a Vila Santa Luzia havia sido apagada da memória oficial de Porto Alegre. Foi encontrado um arquivo denominado  Santo Antônio - Cyro Martini. Este fora vereador da cidade e morador do bairro, conta, que da sua janela avistava a vila Santa Luzia. É do vasto material manuscrito deixado por este cronista que a autora retirou as informações aqui expostas.

Terminamos com algumas reflexões de Cyro Martini sobre o processo de remoção dos moradores da Vila Santa Luzia para a Restinga Velha.
A partir da frase em voga na época “ Removê-los para promovê-los, Martini questiona: “ Se as terras da Santa Luzia e de outras vilas tinham sido compradas para manter os moradores no local, porque removê-los era promovê-los? E acrescenta: “Depois de terem conquistado o que era necessário para viverem dignamente em suas vilas, como água, luz, escola... porque removê-los para outro local em situações ainda piores era promovê-los? E ademais, longe do centro! Se o DEMHAB retirasse os barracos para colocá-los em casas novas e de alvenaria na Restinga, talvez pudesse qualificar a remoção de promoção. Tal não era no entanto, o que acontecia.





domingo, 16 de setembro de 2012

Igreja e Festa de Santo Antônio


 Igreja e Festa de Santo Antônio

A Igreja de Santo Antônio tem muito significado para esta comunidade. Lá acontecem casamentos, missas e batizados. Todo ano a igreja faz a festa do dia de Santo Antônio e vários fiéis vão fazer pedidos e agradecer. Malú/62

Eu escolho a igreja de Santo Antônio como patrimônio porque é importante para a comunidade. Tem a festa de Santo Antônio, todo mundo participa e colabora. Iago/62




1868, na esquina da Luís de Camões com a Bento Gonçalves começa o "Centro Literário Partenon" em memória ao Partenon de Atenas
1876, no areal do Partenon, o Coronel Arruda mandou construir uma Capela dedicada a Santo Antônio.
1895 realizou-se o primeiro batizado na Igrejinha Santo Antônio. Cecília Branca foi quem recebeu o batismo.
1903 chega um grupo de Freis Capuchinhos franceses a Porto Alegre para assumir a direção do Seminário Diocesano
 1911, no dia 30 de agosto, Dom Cláudio Ponce Leão oficializou a Capelinha Santo Antônio como Paróquia.
 1913, no dia 13 de junho  acontece  a primeira  Festa do Padroeiro,  Santo Antônio.
1928, no dia 17 de junho foi abençoada a pedra fundamental da torre da nova Igreja por Dom João Becker.
1932, em julho foi erguida a Cruz Luminosa no ápice da torre. No dia 5 foi ouvido o primeiro sino ressoar no alto da torre. 18 sinos vieram de Annecy (França).
1950, reinício das obras da Igreja que estavam paradas desde 1932.
1951, a 12 de janeiro é enviada de Roma a Relíquia de Santo Antônio, a pedido de Frei Antônio de Caxias.
1952, no dia 31 de agosto reza-se a primeira Missa na Igreja atual.
1961 a Igreja Santo Antônio está concluída. A 17 de dezembro celebra-se o Jubileu de Ouro da Paróquia com inauguração da Igreja.
1985, a 13 de março iniciaram-se as celebrações dos dias 13, com benção dos pães, da saúde e imposição das mãos. "Dia 13, não é dia de azar, mas de Santo Antônio".
1998, a 26 de maio a Festa de Santo Antônio foi incluída no calendário de eventos de Porto Alegre pela Lei 8.164, artigo 2º.



















CANTO A SANTO ANTÔNIO
No altar, o Brasil, nossa gente
Santo Antônio protege teu povo,
que a lutar vive alegre na estrada,
a esperar um Brasil sempre novo,
e a certeza da Lei mais Sagrada!
Neste altar a criança de rua,
Desafio pra quem faz as leis,
O esmoler a dormir sob a lua,
Quanta gente em palácio de reis!
Neste altar nosso sonho esperado
Que um profeta sonhou pra chegar
Neste altar todo amor mais sagrado,
E a esperança de sempre lutar.
Junto ao pão, junto ao vinho, Senhor,
O trabalho de muitos, porém
A vitória certeira do amor
E a esperança de um mundo do bem.

Fonte: Os vitrais da Igreja Santo Antônio do Partenon
      Antônio Mesquita Galvão e Carmem Sílvia Machado Galvão




Gruta da Maria Degolada


Gruta da Maria Degolada

Foi um crime que aconteceu a muito tempo em que uma mulher chamada Maria Francelina teve o pescoço cortado por seu marido essa história tem  muita importância para o Morro Maria da Conceição por ser muito conhecida. Júlia/61

Para mim a gruta da Maria Degolada é legal, diz que ela funciona para realizar pedidos. Maria Lohanna/61 



No dia 12 de novembro de 1899, uma mulher foi brutalmente assassinada por seu amante. A tragédia alcançou enorme repercussão por sua brutalidade, ficando registrada nos anais criminais porto-alegrenses. O crime permaneceu desconhecido em seus detalhes pelo espaço aproximado de um século, pois sabia-se apenas através da melhor maneira folclórica, isto é, transmissão oral, que uma mulher fora degolada por um soldado miliciano. Desconhecia-se o nome da vítima, a data, o nome do criminoso, enfim, detalhes do acontecimento. Esta desinformação coletiva gerou inúmeras lendas e fatos, todos conferindo à infeliz vítima dotes excepcionais, culminando com a santificação popular, atribuindo-lhe a feitura de verdadeiros milagres como curas julgadas impossíveis, aproximação exitosa de amores contrariados e mais coisas desse jaez. Graças à iniciativa do Arquivo Público do Estado, conservador de processo alusivo ao fato, foi possível restaurar a verdade.

OS PERSONAGENS
A vítima chamava-se Maria Francelina Trenes, de nacionalidade alemã. Contava 21 anos de idade ao ser assassinada. No processo o nome aparece grafado diferentemente: Trene, Trenes, Ternes e Tremes. Está sepultada no jazigo n° 741 no Campo Santo da Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Era solteira, no processo aparece como amásia do assassino. O criminoso, Bruno Soares Bicudo, servia na Brigada Militar com o sobrenome de Brum. Natural de Uruguaiana, solteiro e analfabeto. Como testemunhas do crime aparecem os soldados da Brigada Militar Felisbino Antero de Medina, Francisco Alves Nunes e Manuel Antônio de Vargas.

O LOCAL
O local onde se desenrolou o drama que ficou conhecido como crime da Maria Degolada, ou Maria do Golpe, situa-se na falda leste do Morro do Hospício, no arraial do Partenon. Constitui hoje a chamada Vila Popular Maria da Conceição, mas que o vulgo continua a batizar de Maria Degolada

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O CRIME
No dia 12 de novembro de 1899, quatro soldados  do 1° Regimento de Cavalaria da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, encontrando-se de folga e por ser um domingo em plena estação primaveril, acompanhados de outras tantas mulheres, resolveram aproveitar os crimes para os prazeres de om pic-nic, como se encontra descrito no processo. Escolheram para o local o Morro do Hospício, nas proximidades da Chácara das Bananeiras, onde serviam. Após terem saboreado um churrasco, conforme haviam programado, quando os relógios marcavam mais ou menos 15 horas, o soldado de nome Bruno Soares Bicudo, por motivos de ciúmes, após haver discutido com sua acompanhante, enraivecido e pretextando mais tarde uma possível agressão da vítima, subjugou-a, degolando-a a seguir. Seus companheiros, embora não distantes do exato local da tragédia, não puderam evitar que esta se consumasse, pela rapidez com que foi cometido o ato brutal. Seus companheiros tentaram prendê-lo, desistindo de fazê-lo porque se encontravam desarmados e porque ele ainda empunhava a faca com a qual tirara a vida de sua companheira. Além da faca trazia consigo ainda, um pedaço de ferro. Um dos colegas tomou a iniciativa de imediatamente comunicar o fato ao comandante do destacamento a que pertenciam localizado na Chácara das Bananeiras. No quartel foram tomadas as providências devidas, enviando uma escolta que prendeu o assassino. O cadáver da vítima foi conduzido à repartição policial onde foi examinado por quem de direito.

DEPOIMENTO DE FRANCISCO ALVES NUNES, PRESENTE NO LOCAL E HORA DO CRIME
“que a vítima entendeu dirigir chufas ao denunciado, que era seu amásio, dizendo-lhe que tinha outro homem com quem pernoitar suscitando-se por isso uma discussão entre ambos, a qual tornando-se calorosa deu lugar a que o depoente e seus companheiros intervissem, chegando mesmo a vítima a lançar mão do porrete e de um pedaço de ferro para com eles agredir o denunciado, que julgando a contenda terminada trataram os companheiros de tomar café, ficando o denunciado e a vítima a sós, um pouco retirado deles;que, pronto o café voltando o depoente a chamar o denunciado para bebê-lo notou que ele havia assassinado a vítima, usando de uma faca, pelo que o depoente com os demais companheiros promoveram a prisão do denunciado.”

A PENA
“ Em conformidade das decisões do Jury, julgado o reo Bruno Soares Bicudo incurso no grao máximo do art. 294, S 1° do Código Penal da Republica e  condena a trinta annos de prisão celular que ex vi do art.409 do mesmo Codigo converte em prisão com trabalho que o reo cumprirá na Casa de Correção desta capital, e, bem assim, no damno causado e nas custas”
“Comunicado o resultado do Juri ao Comandante Geral da Brigada Militar, este ordenou sua exclusão da Força, encaminhando-o à Casa de Correção no dia 22 de fevereiro de 1900.”
 “Nesse estabelecimento penal o reo permaneceu até o dia 19 de setembro de 1906, quando faleceu em consequência de ‘Nephrite intestinal’, conforme atestou o médico da Casa de Correção Dr. João Pitta Pinheiro.”






O MITO
Dentre os muitos “milagres” atribuídos aos “sobrenaturais” poderes da infeliz vítima da degola, iniciamos salientando a importância que os seus crentes nela depositam, por meio da existência de grande número de ex-votos, de velas permanentemente acesas e de ramalhetes de flores.
Na época do crime existia, em uma parte da falda leste do Morro do Hospício, uma velha e frondosa figueira, sita nas proximidades de uma pequena pedreira desativada. Tanto a figueira como a pedreira fazem parte desta história.
Há os que afirmam de pés juntos que a vítima vivamente apaixonada por um soldado da Brigada Militar, não tendo sido correspondida, enforcou-se num galho da árvore, sendo enterrada junto a pedreira. É uma variante da morte de Maria Francelina. A figueira passou a ter poderes medicinais, pois pedaços de cascas do seu tronco eram utilizados para a feitura de mesinhas. Por sua vez a pedreira, através de água concentrada em concavidades da escavação, passou a ser vendida em pequenos frascos por pessoas inescrupulosas, que afirmavam possuir a mesma poderes de cura para várias moléstias. Quer a figueira, quer a pedreira já não mais existem.
Para muitas pessoas a vítima era moça donzela, isto é, virgem. Outros afirmam que era anã. Muitos acreditam que ela se encontra enterrada junto à figueira, ou no local onde existia a figueira. Há mesmo quem afirmasse que seu enterramento aconteceu no vizinho município de São Leopoldo.
Há inúmeras versões a respeito das aparições de Maria Degolada. Uma delas diz que Maria Degolada é venerada durante o dia, mas que a noite costuma passear no escuro. Aparece toda vestida de branco (símbolo da pureza), mas ensanguentada no peito (alusão ao seu degolamento). Outra versão nos conta que ela frequentemente surge sentada em uma pedra junto à figueira, e que, sempre que chove, aparecem manchas de sangue em cima da pedra. Há os que acreditam que a morte violenta de Maria Francelina foi devida a não ter aceito proposta indecorosa de seu noivo, que tentou mesmo, violentá-la. Reagiu, e o resultado dessa reação foi sua morte trágica.
O cronista Ary Veiga Sanhudo escreveu que em determinada data, sem precisa-la e sem saber-se quem teria sido o receptor, em uma sessão espírita, teria revelado sua inconformidade em ser conhecida por uma alcunha tão deprimente e aviltante. A partir daí passou a ser tratada como Maria da Conceição.
Em uma longa reportagem o jornalista Augusto Schmit, no jornal Zero Hora de 31/08/1986, registrou: ”Nas noites de céu limpo e de lua brilhante, um vulto de mulher, vestida de noiva, costuma passear entre os casebres miseráveis da Vila Maria da Conceição. Ela anda com a mão direita segurando a garganta e solta gemidos de dor. Os moradores da Vila já se acostumaram com ela. E não chamam de fantasma, mas de santa.”
Por ter sido assassinada de maneira cruel por um soldado da Brigada Militar, afirma-se que Maria não atende pedido de brigadiano, “porque foi um brigadiano que matou ela”. Afirma-se ainda que em suas aparições e passeios, se acontece Maria Francelina topar com um brigadiano, ela investe furiosamente contra o mesmo.
A pesquisa realizada entre os alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Santa Luzia em 2012, mostra que a versão mais difundida ente os estudantes oriundos da Vila Maria da Conceição na faixa etária entre 11 e 17 anos é a de que se chamada três vezes, diante do espelho com uma vela acesa a meia noite, Maria Degolada aparece. Os estudantes ainda manifestaram medo (de passar pela gruta à noite), respeito e, para alguns ela ”cura mesmo” e atende pedidos.
                                                                                         Fonte: Maria Degolada – Mito ou Realidade?
                          Arquivo Público do Estado do Rio Grande do Sul




Pequena Casa da Criança


Pequena Casa da Criança

Se não fosse a Pequena Casa não teria onde deixar as crianças para os pais trabalhar. As crianças ganham alimento, sapato...Isso que pra mim é o patrimônio da comunidade. Natalia/61


A Pequena Casa da Criança é importante porque é um tempo de alegria para as pessoas de rua, que trabalham no sinal. Sheron Evangelista/61
  
A Pequena Casa é um SASI, colégio, posto de saúde, igreja. Ela é patrimônio por estar há muitos anos na Vila Maria da Conceição, e ter um bom uso pelas crianças, adultos e idosos. Francielle/62      




Já se passaram 56 anos  desde que a irmã Nely Capuzzo,  da Congregação das Missionárias de Jesus Crucificado,  ao constatar  que uma  comunidade porto-alegrense vivia numa  realidade social de extrema vulnerabilidade e precisava de ajuda, direcionou sua vida e seu trabalho para fundar a Pequena Casa da Criança. Foi,  então,  em 1956, ao acreditar  na educação,  na possibilidade de mudança social, bem como no reconhecimento do seu trabalho, que a Imã Nelly deu início a grandes mudanças na comunidade da, então, Vila Maria Degolada. Atualmente, a padroeira da Pequena Casa da Criança, Nossa Senhora da Conceição empresta  o seu nome à comunidade. Sob  a presidência  da Irmã  Pierina, sucessora da  Irmã Nely, a Pequena Casa  segue empreendendo  transformações  através dos inúmeros projetos que desenvolve, com o auxilio dos colaboradores, doadores e  da   comunidade.  Hoje,  1.147 pessoas  da  comunidade,  incluindo  crianças, adolescentes e idosos, são atendidas pela Pequena Casa. Reconhecida como um centro comunitário por excelência, a Pequena Casa tem uma trajetória marcada por  ações de  educação,  profissionalização,  mobilização  comunitária e de  assistência social e um passado  de  muito trabalho,  cujos resultados  estão   no reconhecimento da sociedade.

CARTILHA DE PRINCÍPIOS DA PEQUENA CASA DA CRIANÇA

1.ATUANDO
na Pequena Casa da Criança, você estará atuando numa camada social infra-humana. A nutrição,habitação, educação e desenvolvimento tem como denominador comum o SUB. Por isso toda a atividade deve estar em função do meio ambiente.
2.TODO
Trabalho de educação e cultura deve partir da situação educacional, da linguagem local, ou da classe social em que se vai trabalhar.
3.SUA
Presença na obra já é um ensinamento. O seu ensino seja coerente e continuação desta 
4. A SOLUÇÃO
Do problema de uma pessoa não deve dar por encerrada a missão do profissional. Além da recuperação parcial, há outras metas ainda:
-integração na comunidade através dos movimentos existentes ou a serem criados caso sejam necessários;
-integração na política brasileira, pois o homem é também um produto de ações do meio.
5.DEVEMOS
Integrar-nos na política brasileira mas sem nos deixar conduzir pelos acontecimentos.
Devemos construir nós mesmos a nossa história. Entrar dentro dos acontecimentos para orientá-los.
6.A EDUCAÇÃO
É antes de tudo iniciação à vida pessoal. “ Uma educação de massa seria uma educação descoroada, como uma civilização de massa é uma civilização desumana”
7. A EDUCAÇÃO
Deverá levar o homem a realizar uma síntese total da existência, dando-lhe uma consciência do todo.
8. SENDO
A Palavra Divina que faz esta síntese humana, será, portanto, transmitida a palavra de Deus que permitirá o diálogo do homem com Deus e de Deus com o homem.
9. A EDUCAÇÃO
Deve visar o homem todo: social, espiritual e economicamente, pois só assim lhe dará a possibilidade de integrar-se no todo da existência. Cada ser humano é pessoa, i. é natureza dotada de inteligência e vontade livre.
10. A EVANGELIZAÇÃO
Deve atingir o homem lá onde ele se encontra, falando-lhe daquilo a que confusamente aspira: a justiça, o bem, a verdade, o absoluto.
11. É CONDENADO
Todo o trabalho de profissional nesta OBRA, que procurasse acomodar a pessoa humana com o meio em que vive.
12. TODO
Método ou sistema escolhido para a educação deve levar em conta a atual realidade. Só será válida a educação que dê ao homem condições concretas de libertar-se, de entender e resolver seus problemas.
13. NÃO
Se devem adaptar métodos ou sistemas. As pessoas merecem a criação de novos.
14. ENTRE
Os movimentos patrocinados pela OBRA, terão prioridade aqueles que são a união e libertação dentro das aspirações populares: movimentos comunitários, reuniões, debates, etc.
15. NENHUMA
Formação deve ser imposta. A atuação junto à pessoa deve ser em forma de DIÁLOGO.
16. TODA
Educação será em termos de participação efetiva. Toda a pessoa é sujeito da educação.
17. SERÁ
Considerada condenável toda a educação nesta OBRA que não englobar estes aspectos.
     Fonte: Miséria quem te gerou? Irmã Nely Capuzzo




         Esperamos pela Prefeitura durante dois meses para demolir a parte velha da casa. Falando com o diretor do Departamento de Habitação, este prometeu e não cumpriu. Como não podia  esperar mais, pois as aulas iniciariam em março, fiz um apelo aos moradores da  Vila  e,  no  fim  de  semana, 20  homens   apareceram  para trabalhar. Enquanto os adultos demoliam a casa, as crianças  iam carregando as telhas. Quem mais ajudou neste trabalho foram os “malandros”, aqueles  a quem  todos  atacam, inclusive os próprios moradores do morro. Convidei-os a darem uma mão e vieram. Com amor tudo se consegue, até mesmo que criminosos, maconheiros ou ladrões   cooperem  para   o  bem  comum. Enquanto o  prédio  ia  sendo demolido,  eu pensava: Como  é fácil  destruir!  Uma  casa  que demorou  mais  de  um ano  para ser  erguida, agora, em  24  horas  apenas, está  toda  destruída. Assim é a vida. Destruir  é muito fácil, o que é difícil é construir, por  isso  tantos destroem  e tão poucos  constroem. Com uma palavra podemos destruir anos de trabalho. Em  todos  os  campos  a destruição  é mais  fácil. Como devíamos cuidar para não destruir o próximo, para  não  apagar a “mecha que ainda fumega, para não quebrar o caniço rachado”. Apesar  desta  demolição ser necessária  para  construir  melhor, o  coração  humano  não  deixou  de   sofrer vendo cair  uma  a  uma  aquelas telhas,  paredes,  erguidas  com  tanto  sacrifício, mas é preciso morrer o grão para nascer o fruto. Terminada a demolição, aguardamos de novo pela Prefeitura e nada. Duas vezes  estiveram no  morro  para fazer  um   “levantamento” da necessidade  e ficou  nisso. O problema  agora  era a  remoção de dois barracos. Seus moradores  concordaram  em ceder o local para o colégio. O tempo corria  e  as  promessas  continuavam  em  apenas promessas.  A imprensa  se interessou pelo problema. O  repórter "Esso" noticiou   e nada. Vendo  que seria  uma  inútil  espera pelo  poder público, reunimos novamente  os moradores  e, em pouco tempo, fizeram as duas remoções. Não sei onde há mais desonestidade, se no morro, onde malandros, maconheiros e ladrões são conhecidos como tais, ou se nas repartições públicas, onde  a desonestidade  está  ocultada pela gravata e fatiota. Quando pedi colaboração do Departamento de  Habitação,  o  Diretor ,  que  me  mandou  falar  com  o  Diretor Administrativo  para  acertar  a  ida  dos  operários, prometeu que iria  ajudar pois a obra estava colaborando com ele. Fui esperançosa falar com este subalterno, mas qual não foi a minha surpresa quando este me diz: Como? O Diretor sabe  que  eu não  tenho  pessoal, e como manda a senhora falar comigo?!!... Diante disto  eu nem  tentei voltar ao Diretor Geral. O  mesmo  aconteceu   noutra repartição. Falei com o Secretário, este despachou meu pedido  e  mandou-me a   um Diretor   para   acertar  as  formalidades   legais,  inclusive   dizendo-me  que  já  havia conversado  com ele  a  respeito. O Oficial de Gabinete  deixou-me na sala do Diretor e retirou-se. Fui  recebida  de  má  vontade. O  Diretor  se  pôs  na  minha  frente  e perguntou o que eu desejava. Mas o Senhor Secretário já não lhe falou a respeito? Não, não  sei  de  nada.  Expus-lhe  em  rápidas  palavras e ele  me  respondeu: Senhora, volte segunda-feira  que  vamos estudar seu caso... Mas o Secretário já despachou, disse    que  não há problema algum. Isto é  coisa  do Secretário,  disse  levantando-se para atender o telefone. Diante disso  despedi-me e voltei  ao Oficial de Gabinete. Eu queria  uma informação  sua.  Pois não  irmã.  Podia me informar  em quem se deve acreditar? Se na palavra  do Senhor Secretário  ou a do Diretor  a quem o senhor me levou? Porque esta pergunta? Porque falando ontem com o Senhor Secretário ele me disse uma coisa, falando hoje com aquele Diretor, ele  me disse  ao contrário, inclusive desmentiu o que o Secretário havia dito. O Oficial de Gabinete deu um sorriso amarelo e ficou meio confuso. Foi lá dentro e mostrou-me o despacho do Secretário, mas eu continuava na dúvida em quem se deve acreditar? Recorri a vários órgãos, solicitando operários para erguer o novo pavilhão durante o período de férias. Numa determinada Secretaria um Diretor me disse: Nós lhe faremos o projeto. Agradeci e perguntei-lhe quando estaria pronto. Estávamos em dezembro. O prédio precisava ficar pronto em março. O Diretor sabia da urgência do pedido, inclusive eu estava acompanhada da esposa do Secretário que também prometera operários. Daqui um mês mais ou menos. Quer dizer que ele me daria o projeto em fevereiro. Até pensei que ele estivesse brincando comigo. Como poderia o prédio ficar pronto em março? Saí dali deprimida e resolvi deixar de lado o poder público. Iniciei a obra com os próprios moradores. Eu mesma teria que ser arquiteto, engenheiro e construtor. Consultei vários técnicos amigos e experientes e a eles recorria, sempre que necessário. Com fé em Deus e ajuda dos moradores, iniciamos a construção, e as aulas puderam recomeçar no início do ano letivo.
               Fonte: Do porão da humanidade, Irmã Nely Capuzzo
  



Academia Samba Puro


Academia Samba Puro


A academia Samba Puro é uma escola muito guerreira, ela já ficou em último lugar no carnaval, mas nunca desistiu. Por isso que toda a comunidade da Maria da Conceição é grata a Samba Puro.     Luyane /61

Patrimônio é a nossa escola Samba Puro que nos honra na avenida. Bryan/61

A Samba Puro traz alegria para as pessoas, diversão. É lá que as pessoas se reúnem para rir chorar e brincar. Tiagner /61

A Samba Puro é a alegria do carnaval da comunidade Morro da Conceição. Sheron Nicole/ 61       



Um  grupo de  carnavalescos  da comunidade,  entre  eles alguns componentes da Academia de Samba  Praiana, resolveu  criar, no Morro da  Conceição, uma  agremiação que  traduzisse  a  cultura tipicamente  popular do  seu reduto, mostrando o verdadeiro samba de raiz e desfiles de Carnaval feito na garra e na coragem.  Assim surgiu,  a 30 de abril  de 1984,  a  Academia Samba Puro.
Por símbolo, foi escolhido o pandeiro, instrumental do “malandro” sambista sobre  a  mão  que  faz vibrar as  platinelas.  Para  cores  da  Escola, foram escolhidas o azul, o amarelo e o branco.

Mestre Papai
A história da  Academia Samba Puro tem  como grande  personagem João Gomes da Silva  Filho, o  Mestre “Papai”, legítimo  comandante do ritmo e dos ritmistas, que encantou a avenida desde a fundação da Escola. Na década de noventa, Mestre “Papai” foi o soberano absoluto da regência, recebendo o 1º prêmio  no  quesito  em  1991  e  em  1994. Sua  bateria  é  especialmente diferente,  com  ritmo  próprio e  balanço  original,  que  lembra  o ritmo  da Academia  de  Samba Praiana  há alguns anos atrás.  Se  Porto  Alegre  tem Samba  de  morro,  ele é, sem dúvida,  o samba regido por João Gomes da
 Silva Filho


Mestre Paraquedas

O mestre Griô, "Eugênio da Silva Alencar, conhecido como Mestre Paraqueda, de 73 anos, é músico, compositor, poeta, desenhista, um contador de histórias. Vivenciou os chamados territórios negros em Porto Alegre: nasceu na região de Alto da Bronze, morou no Areal da Baronesa, no Menino Deus, dentre outras regiões da cidade que concentraram os descendentes de africanos. A ligação com o samba veio através da família, que costumava tocar e cantar em festas, nos finais de semana. Começou a compor por volta dos oito anos, na metade da década de 1940. Seu apelido veio de quando serviu ao Exército como para-quedista. Foi assim que conheceu o Rio de Janeiro e lá conviveu com o cotidiano da Escola de Samba Portela. Participou também dos ranchos da Unidos da Vila Valqueire. Sua relação com o carnaval é muito forte. Compôs mais de 60 temas, sendo que 40 viraram sambas enredos de diferentes escolas de Porto Alegre. Fundou diversas sociedades carnavalescas da cidade como o Comandos do Morro, o Sambão, o Samba Puro, Unidos da Conceição, dentre outras. Como desenhista, construiu diversas alegorias para estas sociedades e escolas de samba. Gravou muitos sambas enredos dos carnavais de Porto Alegre e teve outras músicas gravadas por outros intérpretes. Uma destas, chamada “É morro, é favela, é gueto, é quilombo” foi censurada pela ditadura militar. Sua trajetória é marcada pela resistência das culturas populares, da negritude do pampa, municiada pela música e poesia."*

No dia em que o doutor compreender
Que quem vive lá no morro
Também tem direito a viver
Viver com dignidade, sem opressão, sem maldade
Então tudo vai mudar, vai mudar
Eu vou ser tratado como gente por aí
Vou ter casa comida e um trabalho onde ir
As crianças todo dia irão à escola estudar
E a velhice quer a condição de descansar, olhem bem
Enquanto esse dia não vem
Sou o canto, sou a luta, sou a voz de quem não tem
É morro, é favela, é gueto é quilombo
É samba é quizomba meu povo

                                    
                               É morro, é favela, é gueto é quilombo
         Composição de Eugênio Silva Alencar – Mestre Paraquedas



“Como é que eu faço
pra poder sobreviver?
Dinheiro é pouco,
mal dá pra comer.
Me esforço muito,
trabalho tanto,
Recebo pouco,
que baita sufoco!
Tô com a corda no pescoço.
Chego em casa cansado,
No rádio um papo “furado”
Anunciando novo plano no Brasil.
Sobrou pra mim!
Pra acabar com essa história
Que só explora e enrola
Resta eu sonhar
este sonho cor de anil.
Dormi, sonhei que era um milionário,
Burguesia sem horário
que não sabe o que tem.
Extravasar na Ilha da Fantasia,
Festejando todo o dia,
vendo o dinheiro render.
Quando acordei,
“Nega Véia” me chamando,
A marmita fui pegando
para não perder o trem.
Eu me “flagrei”
que sou o Copperfielf,
Maior mágico do mundo,
operário do Brasil.”


  Samba-enredo do carnaval de 1995, 
de autoria de Ivan Paulo Martins,
  “Maior Mágico do Mundo, o Operário do Brasil”.



“Samba Puro é Zumbi,
é liberdade
É Palmares, é Brasil realidade.
Surge no horizonte uma esperança
Porque aqui a luta ainda continua
Valeu até o sofrimento de Zumbi
O negro é hoje consciência
Da razão de ser
um negro no Brasil.
Resgata das raízes
a cultura do passado
E faz tua bandeira
no caminho do futuro.
Zumbi ainda é força
na semente que plantou.
É linda a negritude
de quem negro sabe ser
No ritmo,
na alma e na sua poesia
É África
presente no nosso dia-a-dia.
Na sua humildade
muito pouco o negro quer
Constar os seus direitos
como um cidadão qualquer.
Hoje, trezentos anos se passaram
Que acabaram
com o Quilombo dos Palmares
Mas não morreu
a luta pela liberdade.
Mais do que nunca
no meu peito está batendo
O grito insatisfeito de Zumbi.”

O samba-enredo de 1994,
 composto por Mestre Paraquedas, intitulado
“Ainda Hoje, Zumbi”




Academia Samba Puro campeã do Carnaval 2013 – “Querer é Poder”