Academia Samba Puro
A academia Samba Puro é uma
escola muito guerreira, ela já ficou em último lugar no carnaval, mas nunca
desistiu. Por isso que toda a comunidade da Maria da Conceição é grata a Samba
Puro. Luyane /61
Patrimônio é a nossa escola Samba
Puro que nos honra na avenida. Bryan/61
A Samba Puro traz alegria para as
pessoas, diversão. É lá que as pessoas se reúnem para rir chorar e brincar.
Tiagner /61
A Samba Puro é a alegria do
carnaval da comunidade Morro da Conceição. Sheron Nicole/ 61
Um grupo de carnavalescos da comunidade, entre eles alguns componentes da Academia de Samba Praiana, resolveu criar, no Morro da Conceição, uma agremiação que traduzisse a cultura tipicamente popular do seu reduto, mostrando o verdadeiro samba de raiz e desfiles de Carnaval feito na garra e na coragem. Assim surgiu, a 30 de abril de 1984, a Academia Samba Puro.
Por símbolo, foi escolhido
o pandeiro, instrumental do “malandro” sambista sobre a mão que
faz vibrar as platinelas. Para cores
da Escola, foram escolhidas o azul, o amarelo e o branco.
Mestre Papai
A história da Academia Samba Puro tem como grande
personagem João Gomes da Silva Filho, o
Mestre “Papai”, legítimo comandante
do ritmo e dos ritmistas, que
encantou a avenida desde a fundação da Escola. Na década de noventa, Mestre “Papai” foi o soberano
absoluto da regência, recebendo o 1º prêmio no quesito em 1991 e em 1994. Sua bateria é especialmente diferente, com ritmo
próprio e balanço original, que
lembra o ritmo da Academia
de Samba Praiana há alguns anos atrás. Se Porto Alegre
tem Samba de morro,
ele é, sem dúvida, o samba regido por João Gomes da
Silva Filho
Mestre
Paraquedas
O mestre
Griô, "Eugênio da Silva Alencar, conhecido como Mestre Paraqueda, de 73
anos, é músico, compositor, poeta, desenhista, um contador de histórias.
Vivenciou os chamados territórios negros em Porto Alegre: nasceu na região de
Alto da Bronze, morou no Areal da Baronesa, no Menino Deus, dentre outras
regiões da cidade que concentraram os descendentes de africanos. A ligação com
o samba veio através da família, que costumava tocar e cantar em festas, nos
finais de semana. Começou a compor por volta dos oito anos, na metade da década
de 1940. Seu apelido veio de quando serviu ao Exército como para-quedista. Foi
assim que conheceu o Rio de Janeiro e lá conviveu com o cotidiano da Escola de
Samba Portela. Participou também dos ranchos da Unidos da Vila Valqueire. Sua
relação com o carnaval é muito forte. Compôs mais de 60 temas, sendo que 40
viraram sambas enredos de diferentes escolas de Porto Alegre. Fundou diversas
sociedades carnavalescas da cidade como o Comandos do Morro, o Sambão, o Samba
Puro, Unidos da Conceição, dentre outras. Como desenhista, construiu diversas
alegorias para estas sociedades e escolas de samba. Gravou muitos sambas
enredos dos carnavais de Porto Alegre e teve outras músicas gravadas por outros
intérpretes. Uma destas, chamada “É morro, é favela, é gueto, é quilombo” foi
censurada pela ditadura militar. Sua trajetória é marcada pela resistência das
culturas populares, da negritude do pampa, municiada pela música e
poesia."*
No dia em que o doutor compreender
Que quem vive lá no morro
Também tem direito a viver
Viver com dignidade, sem opressão, sem
maldade
Então tudo vai mudar, vai mudar
Eu vou ser tratado como gente por aí
Vou ter casa comida e um trabalho onde ir
As crianças todo dia irão à escola estudar
E a velhice quer a condição de descansar,
olhem bem
Enquanto esse dia não vem
Sou o canto, sou a luta, sou a voz de quem
não tem
É morro, é favela, é gueto é quilombo
É samba é quizomba meu povo
É morro, é favela, é gueto é quilombo
Composição de Eugênio Silva Alencar – Mestre
Paraquedas
“Como é que eu faço
pra poder sobreviver?
Dinheiro é pouco,
mal dá pra comer.
Me esforço muito,
trabalho tanto,
Recebo pouco,
que baita sufoco!
Tô com a corda no pescoço.
Chego em casa cansado,
No rádio um papo “furado”
Anunciando novo plano no Brasil.
Sobrou pra mim!
Pra acabar com essa história
Que só explora e enrola
Resta eu sonhar
este sonho cor de anil.
Dormi, sonhei que era um milionário,
Burguesia sem horário
que não sabe o que tem.
Extravasar na Ilha da Fantasia,
Festejando todo o dia,
vendo o dinheiro render.
Quando acordei,
“Nega Véia” me chamando,
A marmita fui pegando
para não perder o trem.
Eu me “flagrei”
que sou o Copperfielf,
Maior mágico do mundo,
operário do Brasil.”
Samba-enredo do carnaval de 1995,
de autoria
de Ivan Paulo Martins,
“Maior
Mágico do Mundo, o Operário do Brasil”.
“Samba Puro é Zumbi,
é liberdade
É Palmares, é Brasil realidade.
Surge no horizonte uma esperança
Porque aqui a luta ainda continua
Valeu até o sofrimento de Zumbi
O negro é hoje consciência
Da razão de ser
um negro no Brasil.
Resgata das raízes
a cultura do passado
E faz tua bandeira
no caminho do futuro.
Zumbi ainda é força
na semente que plantou.
É linda a negritude
de quem negro sabe ser
No ritmo,
na alma e na sua poesia
É África
presente no nosso dia-a-dia.
Na sua humildade
muito pouco o negro quer
Constar os seus direitos
como um cidadão qualquer.
Hoje, trezentos anos se passaram
Que acabaram
com o Quilombo dos Palmares
Mas não morreu
a luta pela liberdade.
Mais do que nunca
no meu peito está batendo
O grito insatisfeito de Zumbi.”
O samba-enredo
de 1994,
composto por Mestre Paraquedas, intitulado
“Ainda Hoje,
Zumbi”
Academia Samba
Puro campeã do Carnaval 2013 – “Querer é Poder”
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