Gruta
da Maria Degolada
Foi um
crime que aconteceu a muito tempo em que uma mulher chamada Maria Francelina
teve o pescoço cortado por seu marido essa história tem muita importância para o Morro Maria da
Conceição por ser muito conhecida. Júlia/61
OS PERSONAGENS
A vítima chamava-se
Maria Francelina Trenes, de nacionalidade alemã. Contava 21 anos de idade ao
ser assassinada. No processo o nome aparece grafado diferentemente: Trene,
Trenes, Ternes e Tremes. Está sepultada no jazigo n° 741 no Campo Santo da
Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre. Era solteira, no processo aparece
como amásia do assassino. O criminoso, Bruno Soares Bicudo, servia na Brigada
Militar com o sobrenome de Brum. Natural de Uruguaiana, solteiro e analfabeto.
Como testemunhas do crime aparecem os soldados da Brigada Militar Felisbino
Antero de Medina, Francisco Alves Nunes e Manuel Antônio de Vargas.
O LOCAL
O local onde se
desenrolou o drama que ficou conhecido como crime da Maria Degolada, ou Maria
do Golpe, situa-se na falda leste do Morro do Hospício, no arraial do Partenon.
Constitui hoje a chamada Vila Popular Maria da Conceição, mas que o vulgo
continua a batizar de Maria Degolada
.
O CRIME
No dia 12 de
novembro de 1899, quatro soldados do 1°
Regimento de Cavalaria da Brigada Militar do Rio Grande do Sul, encontrando-se
de folga e por ser um domingo em plena estação primaveril, acompanhados de
outras tantas mulheres, resolveram aproveitar os crimes para os prazeres de om
pic-nic, como se encontra descrito no processo. Escolheram para o local o Morro
do Hospício, nas proximidades da Chácara das Bananeiras, onde serviam. Após
terem saboreado um churrasco, conforme haviam programado, quando os relógios
marcavam mais ou menos 15 horas, o soldado de nome Bruno Soares Bicudo, por
motivos de ciúmes, após haver discutido com sua acompanhante, enraivecido e
pretextando mais tarde uma possível agressão da vítima, subjugou-a, degolando-a
a seguir. Seus companheiros, embora não distantes do exato local da tragédia,
não puderam evitar que esta se consumasse, pela rapidez com que foi cometido o
ato brutal. Seus companheiros tentaram prendê-lo, desistindo de fazê-lo porque
se encontravam desarmados e porque ele ainda empunhava a faca com a qual tirara
a vida de sua companheira. Além da faca trazia consigo ainda, um pedaço de
ferro. Um dos colegas tomou a iniciativa de imediatamente comunicar o fato ao
comandante do destacamento a que pertenciam localizado na Chácara das
Bananeiras. No quartel foram tomadas as providências devidas, enviando uma
escolta que prendeu o assassino. O cadáver da vítima foi conduzido à repartição
policial onde foi examinado por quem de direito.
DEPOIMENTO DE
FRANCISCO ALVES NUNES, PRESENTE NO LOCAL E HORA DO CRIME
“que a vítima entendeu
dirigir chufas ao denunciado, que era seu amásio, dizendo-lhe que tinha outro
homem com quem pernoitar suscitando-se por isso uma discussão entre ambos, a
qual tornando-se calorosa deu lugar a que o depoente e seus companheiros
intervissem, chegando mesmo a vítima a lançar mão do porrete e de um pedaço de
ferro para com eles agredir o denunciado, que julgando a contenda terminada
trataram os companheiros de tomar café, ficando o denunciado e a vítima a sós,
um pouco retirado deles;que, pronto o café voltando o depoente a chamar o
denunciado para bebê-lo notou que ele havia assassinado a vítima, usando de uma
faca, pelo que o depoente com os demais companheiros promoveram a prisão do
denunciado.”
A PENA
“ Em conformidade
das decisões do Jury, julgado o reo Bruno Soares Bicudo incurso no grao máximo
do art. 294, S 1° do Código Penal da Republica e condena a trinta annos de prisão celular que
ex vi do art.409 do mesmo Codigo converte em prisão com trabalho que o reo
cumprirá na Casa de Correção desta capital, e, bem assim, no damno causado e
nas custas”
“Comunicado o
resultado do Juri ao Comandante Geral da Brigada Militar, este ordenou sua
exclusão da Força, encaminhando-o à Casa de Correção no dia 22 de fevereiro de
1900.”
“Nesse estabelecimento penal o reo permaneceu
até o dia 19 de setembro de 1906, quando faleceu em consequência de ‘Nephrite
intestinal’, conforme atestou o médico da Casa de Correção Dr. João Pitta
Pinheiro.”
O MITO
Dentre os muitos
“milagres” atribuídos aos “sobrenaturais” poderes da infeliz vítima da degola,
iniciamos salientando a importância que os seus crentes nela depositam, por
meio da existência de grande número de ex-votos, de velas permanentemente
acesas e de ramalhetes de flores.
Na época do crime
existia, em uma parte da falda leste do Morro do Hospício, uma velha e frondosa
figueira, sita nas proximidades de uma pequena pedreira desativada. Tanto a
figueira como a pedreira fazem parte desta história.
Há os que afirmam de
pés juntos que a vítima vivamente apaixonada por um soldado da Brigada Militar,
não tendo sido correspondida, enforcou-se num galho da árvore, sendo enterrada
junto a pedreira. É uma variante da morte de Maria Francelina. A figueira
passou a ter poderes medicinais, pois pedaços de cascas do seu tronco eram
utilizados para a feitura de mesinhas. Por sua vez a pedreira, através de água
concentrada em concavidades da escavação, passou a ser vendida em pequenos
frascos por pessoas inescrupulosas, que afirmavam possuir a mesma poderes de
cura para várias moléstias. Quer a figueira, quer a pedreira já não mais
existem.
Para muitas pessoas
a vítima era moça donzela, isto é, virgem. Outros afirmam que era anã. Muitos
acreditam que ela se encontra enterrada junto à figueira, ou no local onde
existia a figueira. Há mesmo quem afirmasse que seu enterramento aconteceu no
vizinho município de São Leopoldo.
Há inúmeras versões
a respeito das aparições de Maria Degolada. Uma delas diz que Maria Degolada é
venerada durante o dia, mas que a noite costuma passear no escuro. Aparece toda
vestida de branco (símbolo da pureza), mas ensanguentada no peito (alusão ao
seu degolamento). Outra versão nos conta que ela frequentemente surge sentada
em uma pedra junto à figueira, e que, sempre que chove, aparecem manchas de
sangue em cima da pedra. Há os que acreditam que a morte violenta de Maria
Francelina foi devida a não ter aceito proposta indecorosa de seu noivo, que
tentou mesmo, violentá-la. Reagiu, e o resultado dessa reação foi sua morte
trágica.
O cronista Ary Veiga
Sanhudo escreveu que em determinada data, sem precisa-la e sem saber-se quem
teria sido o receptor, em uma sessão espírita, teria revelado sua
inconformidade em ser conhecida por uma alcunha tão deprimente e aviltante. A
partir daí passou a ser tratada como Maria da Conceição.
Em uma longa
reportagem o jornalista Augusto Schmit, no jornal Zero Hora de 31/08/1986,
registrou: ”Nas noites de céu limpo e de lua brilhante, um vulto de mulher,
vestida de noiva, costuma passear entre os casebres miseráveis da Vila Maria da
Conceição. Ela anda com a mão direita segurando a garganta e solta gemidos de
dor. Os moradores da Vila já se acostumaram com ela. E não chamam de fantasma,
mas de santa.”
Por ter sido assassinada
de maneira cruel por um soldado da Brigada Militar, afirma-se que Maria não
atende pedido de brigadiano, “porque foi um brigadiano que matou ela”.
Afirma-se ainda que em suas aparições e passeios, se acontece Maria Francelina
topar com um brigadiano, ela investe furiosamente contra o mesmo.
A pesquisa realizada
entre os alunos da Escola Estadual de Ensino Fundamental Santa Luzia em 2012,
mostra que a versão mais difundida ente os estudantes oriundos da Vila Maria da
Conceição na faixa etária entre 11 e 17 anos é a de que se chamada três vezes,
diante do espelho com uma vela acesa a meia noite, Maria Degolada aparece. Os
estudantes ainda manifestaram medo (de passar pela gruta à noite), respeito e,
para alguns ela ”cura mesmo” e atende pedidos.
Fonte: Maria Degolada – Mito ou Realidade?
Arquivo
Público do Estado do Rio Grande do Sul
Muito bom seu artigo ta excelente, fiz um artigo sobre a Maria Degolada também ,se der passe lá e dê uma conferida e diga o que achou.
ResponderExcluirParabéns pelo site, ta fazendo um ótimo trabalho!
Maria Degolada
Qual o endereço exato da gruta dela? Gostaria de ir lá!
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